O Comando é meu!

 

Sim, temos a cultura comum aos povos colonizados, de sempre entender que o outro, o estrangeiro, é melhor que nós mesmos, sem sequer termos conhecimento da causa e das circunstâncias que rodeiam a aparente vantagem do outro. Correndo o risco de estar imerso nesta cultura, e ao mesmo tempo se rebelando contra a utilização do argumento para calar verdadeiras desvantagens nossas, é interessante observarmos a postura que o Exército Brasileiro adotou em relação à Missão de Paz no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro.

Segundo divulgou O Globo, o Comando do Exército estava temeroso quanto a algumas possibilidades da permanência de sua tropa no Alemão:

Os comandos do Exército e da Marinha estão insatisfeitos com a falta de definição do papel exato das Forças Armadas nas operações no Rio. O chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general José Carlos de Nardi, tem se reunido com os chefes dos estados-maiores das duas forças e com os comandantes militares. Os oficiais elaboram uma diretriz, a ser encaminhada ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, e que estabelece normas para a ação dos militares, fixando o tempo de atuação das tropas na área da Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão.

Entre os comandantes, há a preocupação com o risco de que, se os militares ficarem muito tempo nessa operação, possam ser “contaminados” por maus policiais, que achacam moradores e colaboram com o tráfico, repassando informações em troca de dinheiro. Um dos oficiais lembrou, numa das reuniões da cúpula militar, que boa parte dos 800 homens do Exército empregados nas ações também mora na cidade, em regiões e comunidades pobres. Os militares consideraram essa uma exposição perigosa, que poderia gerar retaliação dos traficantes contra os soldados.

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É louvável a preocupação do EB em preservar seus homens da cooptação por maus policiais, já que eles existem, como mostram várias fontes (justiça, imprensa etc). Mesmo sabendo, naturalmente, que há casos de corrupção no âmbito das Forças Armadas, precisamos ver a cautela do Comando Militar como uma medida de proteção institucional, já que a corrupção vigente no âmbito policial possui sofisticação e amplitude certamente distintas.

O que dizer, então, da preocupação com os homens que moram no Rio de Janeiro, podendo ser retaliados por causa da operação? Ponto para o Exército, que tenta poupar seus homens de riscos óbvios, nem sempre considerados entre as polícias brasileiras. Eis o raciocínio do Comando do EB: se boa parte dos homens empregados na operação moram no Rio, em bairros periféricos e vulneráveis, não podemos expor nossa tropa à vingança da criminalidade.

O Exército Brasileiro também não aceitou a tutela política do Governo do Rio, e exigiu que a operação tivesse comando verde oliva, como informou Jorge Antonio de Barros, d’O Globo:

É curioso ver a deferência política a uma instituição militar/policial ocorrer nos altos escalões do poder, quando a regra é que mesmo parâmetros técnicos sejam abandonados em virtude de clamores político-midiáticos, como é o caso da ocupação no Alemão.

Entre as polícias militares e civis brasileiras, aqui e ali pipocam casos de submissão institucional à política – à baixa e vil política eleitoreira. Que o caso em tela do Exército Brasileiro, mesmo que superficialmente analisado, sirva-nos de exemplo a ser seguido, mesmo que esta não seja a regra (algo que não posso afirmar). Instituições que se impõe técnica, ética e profissionalmente sempre serão mais respeitadas, logo, terão mais confiança dos cidadãos. E não é disso que as polícias brasileiras precisam?

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