Lições do RJ para comandantes e comandados

 

O volume de imagens veiculadas sobre os combates no Rio de Janeiro nos últimos dias impressiona, está sendo visto um aparato inédito. A fuga desabalada de um sem-número de traficantes bem armados não tem precedentes na história recente, bem como as cenas de sua chegada no morro vizinho. As imagens dos fuzileiros nos blindados da Marinha do Brasil e dos policiais civis e militares realizando incursões são arrepiantes para quem tem nas veias o sangue combatente. Diria que, em especial, é motivador o modo como se apresentam o comandante geral da PMERJ e o comandante do BOPE.

Mais do que pelas palavras, as atitudes e apresentação pessoal demonstram, ao menos aparentemente, a intenção de se solidarizar com os tantos corajosos homens (afinal, polêmicas à parte, não se veem mulheres nos confrontos do RJ, já repararam?) que estão lá, arriscando suas vidas no front.

Sabe-se que a realidade da PMERJ, de cima a baixo, como em tantas outras, senão todas as PMs do Brasil, ainda não chegou ao ideal – as versões de Tropa de Elite assim divulgaram em larga escala. Mas há muita gente boa nos mais diversos graus hierárquicos, e o comandante fez questão de dizer que, voluntariamente, houve policiais de folga, de férias e até da reserva se apresentando para participar das ações. Que não sejam tantos, podem ser exceções, ainda assim é algo inusitado em uma sociedade tão capitalista e com fraco civismo.

 

Ressalte-se que, a despeito da nobreza do ato, nada mais justo e legal que remunerá-los devidamente por cada hora trabalhada, afinal são servidores, não como quaisquer outros, mas de uma categoria especialíssima, desnecessário explicar, que têm famílias pra sustentar e contas a pagar. Não se deseja ter escravos nem mercenários, o ideal é ter um combatente leal e disciplinado ao ponto de saber a hora de dar um pouco mais de si, talvez sem nem precisar ser convocado, isso aliado a um bom comandante, que usufrua do potencial da tropa em benefício da sociedade sabendo recompensar devidamente posteriormente.

O comandante do BOPE, senhor TC PM Paulo Henrique Moraes, foi filmado empunhando fuzil na praça-de-guerra. Sim, comandantes de unidade, e mais ainda de corporações, não foram formados para serem executores na ponta do sistema, devem pensar e gerir em nível macro, mas a presença dele é certamente positiva como fator de estímulo para encorajar os demais, afinal ele é o líder, precisa demonstrar disposição, capacidade, força de vontade.

O comandante da PMERJ, senhor Cel PM Mario Sérgio de Brito Duarte, que há pouco tempo era comandante do BOPE, mantém o seu perfil, apresentando-se em entrevistas com colete tático onde está estampada sua caveira, que indica, mas não garante em todos os casos, a formação diferenciada enquanto operacional. Afinal, há bons combatentes sem distintivo algum, e policiais fracos com vários brevês.

Não conheço bem a trajetória de cada um deles, talvez integrantes da respectiva corporação tenham algumas ressalvas, mas nos exemplos apresentados as condutas parecem acertadas, elogiosas, servindo de referência para outros militares. Há nas demais corporações comandantes com iguais ou mais qualidades, assim como há outros que, por vontade própria ou cultura do posto ocupado, mesmo comandando unidades operacionais e até especializadas, distanciam-se da atividade fim ao ponto de passar anos e anos sem sentir o desconforto de um colete balístico, o peso de um fuzil e a carga do equipamento transportado. Longe do frio, fome, sono, sede, dor, cansaço, tudo aquilo que passam os infantes no terreno.

É importante, ainda que eventualmente, se fazer presente, sobretudo em ações atípicas, como a que se configura no momento. Assim se descobre o quanto sofrem os executores, o que faz falta, até que ponto há como suportar privações, dados que é muito difícil, se não for impossível, se obter com fidedignidade à distância, acarretando em falsa impressão da realidade e consequentemente adoção de medidas nem sempre praticáveis.

Força e apoio a todos que lá estejam cumprindo seu dever com honra e moral. Que não haja espaço para vaidades e politicagem – atuem juntos PMERJ, PCERJ, MB, PRF e quem mais vier, seja FNSP, EB, FAB, PF etc.

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