Glock: ampliação de sua linha de pistolas de 4ª Geração


Neste ano a austríaca Glock se empenhou na ampliação de sua linha de pistolas de 4ª Geração, as Glock’s Gen4, trazendo os modelos G21 gen4, G32 Gen4 e G34 Gen4.

As tradicionais Glocks de 3ª Geração são aquelas às quais estamos mais acostumados por estas bandas, como as várias G25 e G28 em calibre .380ACP normalmente vendidas no mercado civil, e as G17, G19 e G26 de dotação do Departamento de Polícia Federal e do GSI da Presidência da República.

Esta geração mais antiga se caracteriza por possuir uma empunhadura com saliências em sua porção frontal que servem de encaixe para os dedos, lateral da empunhadura com uma leve texturização quase imperceptível ao toque e rebaixos em ambos os lados para apoio do polegar, e o trilho para acoplagem de acessórios na parte inferior da armação.

Já a nova Gen4 foi criada para tornar as pistolas Glock mais competitivas no enorme mercado norte-americano, onde pistolas ergonomicamente adaptáveis a vários tipos e tamanhos de atiradores fazem grande sucesso e obtêm a preferência nas licitações de organismos policiais que têm em seus quadros tanto policiais femininas de 1,55m quanto policiais homens de mais de 2m de altura.

Esta nova geração possui uma lateral da empunhadura com uma texturização mais agressiva, conhecida como RTF (Rough Textured Frame), que torna a empunhadura bem mais firme tanto em condições normais quanto em situações que as mãos se encontram molhadas, sujas ou cobertas por luvas; possui a porção traseira da empunhadura ajustável a mãos de várias dimensões, o que se dá por meio da substituição de múltiplas placas traseiras (back straps), as quais são fornecidas em dois tamanhos: o médio, que geralmente deixa um modelo específico de pistola Glock Gen4 com as mesmas dimensões de empunhadura daquelas de seu modelo de 3ª geração; e a grande, que vem acompanhada de um “beaver tail” no modelo G21, deixando a empunhadura maior, com uma distância para o gatilho cerca de 2mm mais longa.

Se não for utilizada nenhuma das duas placas traseiras, a empunhadura assume sua forma menor, ficando levemente menos quadrada que aquela presente nas pistolas da geração anterior e com uma distância para gatilho 2mm mais curta. Nesta nova versão o retém do carregador é significativamente maior e mais recuado, permitindo a ejeção do carregador sem grandes malabarismos mesmo por aqueles com mãos não tão grandes; além disso, o retém é reversível, podendo ser mudado para o lado esquerdo da arma, de maneira a permitir uma operação mais natural por canhotos. O carregador das novas Gen4 possui o recesso de encaixe do retém em ambos os lados, de modo a permitir seu uso com o retém do carregador posicionado para atiradores destros ou canhotos, podendo também ser utilizado nas antigas pistolas de terceira geração.

A mudança mais notável, entretanto, é na parte mecânica: foi adotado nas versões médias e grandes das pistolas Glock de vários calibres o mesmo sistema de mola recuperadora dupla encontrado nas versões compactas, ou “Baby” como chamamos no Brasil. A promessa é um melhor amortecimento do recuo e uma maior longevidade do componente. Após o lançamento dos modelos G17 Gen4, G19 Gen4, G22 Gen4 e G23 Gen4 no ano passado foram reportados vários problemas com este novo conjunto de molas recuperadoras, levando a falhas de alimentação que não ocorriam com as pistolas mais antigas; isto obrigou a Glock a fazer um recall destas armas e substituir o sistema por um mais aprimorado, sendo que até hoje é possível ver no site da empresa o botão “click here for Gen4 spring exchange”, que é o programa da Glock para substituir gratuitamente as molas dos modelos G17, G19, G22, G23, G31, G35 e G37 de quarta geração vendidos antes de meados do ano passado.

Tive a oportunidade de efetuar o tiro com as novas G21 Gen4 e G32 Gen4, sendo que o comportamento de ambas foi exatamente aquilo que se espera de uma pistola Glock de qualquer geração que seja, isto é: um funcionamento simples, sem excesso de controles ou procedimentos preparatórios para o tiro; um gatilho curto, “seco”, previsível e consistente; um disparo com baixo recuo quando comparado a pistolas similares e de mesmo calibre, visto ele ser bem direcionado para a mão do atirador em razão da empunhadura alta e próxima ao eixo longitudinal do cano; uma recuperação do recuo e retorno de enquadramento com um leve e quase imperceptível desequilíbrio, dada a flexão do chassi em polímero; e um reset curto, audível e constante. Apesar de já ter disparado o modelo G21 de gerações anteriores, não notei uma significativa redução do recuo em razão do novo sistema de molas, apesar de, para que tal avaliação fosse feita de forma mais precisa e técnica, seria necessário que se colocasse uma G21 e uma G21 Gen4 lado a lado para que fossem disparadas em sequência e utilizando a mesma munição, de modo a diferenciá-las, o que não foi possível desta vez.

De qualquer modo isto é uma sensação subjetiva, variando para cada indivíduo, e eu, que costumeiramente atiro com meu pequeno revólver calibre .357 Magnum de scandium e com duas polegadas de cano, não sou muito observador ao fator recuo, certamente não possuindo a sensibilidade adequada para traçar comparações neste quesito.

Como sempre os funcionários da Glock são muito reticentes quando o assunto são previsões de lançamentos ou possíveis novos modelos, sendo que a única “novidade” que pude obter é que não há previsão no momento e nem para um futuro próximo para que as pistolas Gen4 sejam fabricadas com chassi polimérico em outras cores, tais como verde-oliva ou bege/marrom (flat dark earth): por enquanto só preto mesmo.

Ao final, a Glock segue como sempre, sem muitas inovações em sua linha, sem repaginações de modelos antigos e sem séries comemorativas ou versões “tactical”, “plus” ou “ultra” de seus modelos, para se manter apenas como aquilo que já é: uma arma de serviço simples, leve, resistente, confiável e extremamente durável que tem o domínio do seu nicho no mercado norte-americano e uma legião de admiradores fanáticos só comparável a algumas torcidas de futebol brasileiras.

 

 

Alexandre Beraldi
Especial para DefesaNet

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